terça-feira, 9 de agosto de 2011

Presidente vai tentar manter aperto fiscal

João Domingos
O Estado de S.Paulo


A presidente Dilma Rousseff decidiu ontem na reunião da coordenação política do governo negociar com o Congresso uma agenda de votações que não afrouxe o ajuste fiscal. Significa que o governo fará de tudo para impedir a aprovação da chamada PEC 300, que aumenta os salários dos policiais de todo o País e pode representar um acrescimento de gastos de R$ 28 bilhões para a União.

Dilma recomendou ainda ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que só ele dê entrevistas sobre a estratégia tomada pelo Brasil para enfrentar a crise econômica mundial, a desvalorização do dólar e o derretimento das bolsas de valores pelo mundo afora. "Quero o monitoramento de tudo o que signifique gastos e que você converse com os ministros da Fazenda dos outros países, mantendo-me informada a todo instante", disse a presidente ao ministro da Fazenda.

Assim que a reunião dos coordenadores políticos terminou, Mantega desceu ao térreo do Palácio do Planalto e concedeu uma longa entrevista. A fala foi uma orientação da própria presidente. Mantega nunca dá entrevistas depois das reuniões de coordenação, das quais participam ainda os ministros que despacham no Palácio do Planalto, a exemplo de Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).

De acordo com informação de um auxiliar da presidente da República, o ministro da Fazenda fez um longo relato do que vem ocorrendo no mundo e das medidas que o Brasil vêm tomando. Dilma exigiu que as conversas com a imprensa não sejam tímidas. "Se for o caso, uma a cada semana, várias a cada mês". Mantega acabou contando na entrevista que tomará medidas seguidamente, sempre de forma a manter o ajuste fiscal.

As medidas de austeridade recomendadas por Dilma Rousseff deverão levar insatisfação ao Congresso. Uma parte da base aliada apoia a PEC 300 e outra, maior, quer votar a regulamentação da chamada Emenda 29 - que cria um piso para gastos com saúde por parte da União, Estados e municípios. Além do mais, parlamentares da base governista exigem a liberação de R$ 4,5 bilhões referentes a emendas ao orçamento de 2009, além do início do pagamento das de 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário