terça-feira, 23 de agosto de 2011

Especialista defende reformulação do PSF

Fonte: O Estado de S.Paulo

Consultor diz que prioridade deveria ser tratamento de problemas 
crônicos, como diabetes e hipertensão, em vez de doenças agudas


A decisão do governo federal de flexibilizar a carga horária dos 
médicos que trabalham no Programa Saúde da Família (PSF) divide 
especialistas. Alguns defendem que a medida seja estendida aos demais 
profissionais da equipe. Outros acreditam que a concessão vai 
prejudicar a qualidade do atendimento.

"A equipe do PSF deve formar um time. Todos trabalhando integrados. 
Algo que será muito difícil com dois médicos dividindo as tarefas", 
disse o consultor em saúde pública Eugenio Vilaça, que prepara um 
livro sobre a experiência do PSF no Brasil,

Para Vilaça, o programa não precisa de pequenas concessões como a 
mudança na carga horária e sim de uma radicalização.

"Com a mudança no perfil populacional, a atenção básica deve se voltar 
cada vez mais para o tratamento de problemas crônicos, como diabetes e 
hipertensão, em vez de doenças agudas, como diarreias", disse.

Para fazer frente a essa demanda, completou Vilaça, é essencial que as 
equipes adquiram cada vez mais o caráter multidisciplinar, agregando, 
por exemplo, profissionais como nutricionistas e fisioterapeutas.

O modelo atual já prevê núcleos de apoio às equipes do PSF com 
profissionais de diversas áreas. Uma iniciativa que, na avaliação de 
Vilaça, não é suficiente.

Aconselhamento. "Eles são responsáveis por áreas muito grandes e 
acabam fazendo um serviço mais de aconselhamento do que de 
acompanhamento direto. Não é isso que propomos. A ideia é que cada 
equipe multidisciplinar trabalhe como um time. Funcione 40 horas 
atendendo diretamente um grupo de pessoas", observou.

Com 17 anos de funcionamento, o PSF coleciona vários indicadores 
positivos, diz Vilaça. O programa ajudou a reduzir a mortalidade e tem 
penetração na áreas mais pobres e mais necessitadas. "Mas há problemas 
a superar. Para isso, é preciso investimento, gerenciamento e 
capacidade de atender à mudança na demanda", defende Vilaça.

O pediatra Gilson Carvalho também considera que o programa precisa de 
alterações. Mas, ao contrário de Vilaça, defende que alguns dogmas 
sejam quebrados, como a carga horária integral. A realidade do País, 
argumenta, é muito diferente e, por isso, algumas adaptações podem ser 
feitas.

Carvalho acredita não haver inconvenientes se a mudança for estendida 
para outras categorias do PSF. "A qualidade do atendimento depende 
muito mais de outras variáveis como o compromisso e dedicação dos 
profissionais."

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