Fonte: Agência Brasil (10/08)
As áreas mais bem avaliadas do governo Dilma Rousseff, de acordo com a
pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o
Ibope, são as de combate à fome e à pobreza. Saúde, impostos e
segurança pública foram as áreas que receberam as piores avaliações.
No entanto, o que chamou mais a atenção dos pesquisadores foi a queda
da aprovação à política de juros, de 43% para 29%, na comparação entre
as pesquisas de março e julho.
"A confiança no governo Dilma permanece muito elevada, principalmente
nas áreas de combate à pobreza, meio ambiente e combate ao
desemprego", disse o gerente executivo de Política Econômica da CNI,
Flávio Castelo Branco, durante a divulgação da pesquisa, hoje (10), em
Brasília.
"O curioso foi notar que o grupo que mais aprova as políticas de
combate à fome e à pobreza não são os beneficiados, mas os que têm
renda familiar superior a dez salários mínimos. A aprovação atinge 66%
desse grupo. É aprovada também por 62% das pessoas com renda familiar
de até um salário mínimo e por 58% das pessoas com renda familiar
entre um e dois mínimos", acrescentou.
As políticas de combate ao desemprego "permanecem em alta", segundo a
CNI, com 49% de aprovação, apesar da queda de 9 pontos percentuais
desde março, quando foi feita a primiera songagem de opinião sobre o
governo Dilma. Já as políticas de meio ambiente mantiveram o índice de
aprovação praticamente estável, se for levada em consideração a margem
de erro da pesquisa, que é de 2 pontos percentuais. A aprovação caiu
de 54% para 52%. Essa política foi mais bem avaliada nas pequenas
cidades e na faixa de população mais jovem.
A mudança mais significativa se deu em relação à política de juros,
cuja desaprovação subiu para 63%. Na pesquisa anterior, os índices de
aprovação e desaprovação estavam empatados (43%). "Provavelmente, por
causa do ciclo de alta dos juros, isso mudou consideravelmente. Agora,
o nível de desaprovação deu um salto de 20 pontos percentuais,
chegando a 63%, enquanto a aprovação das políticas de juros caiu para
29%", explicou o economista
Segundo ele, as classes com renda mais elevada são as que mais
desaprovam a política de juros altos do governo: 71% das pessoas com
renda familiar entre cinco e dez salários mínimos e 66% dos
entrevistados com renda superior a dez mínimos. A desaprovação da
política de juros atinge também 71% das pessoas com formação de nível
superior.
"A má avaliação das áreas de saúde, impostos e segurança pública não
nos impressiona porque são áreas historicamente mal avaliadas", disse
Castelo Branco. De acordo com a pesquisa, a saúde teve aval bastante
negativo (69%), empatando com tributos e impostos em termos de
insatisfação.
"As pessoas perceberam que houve aumento da inflação e isso refletiu
na pesquisa. A desaprovação da política de combate à inflação é mais
elevada entre as mulheres [58% contra 54% entre os homens] que, em
geral, são responsáveis pelas compras da família e, com isso, melhor
percebem a situação", disse o economista.
No primeiro levantamento sobre o governo Dilma, 42% dos entrevistados
desaprovavam a política de combate à inflação. Em julho, esse índice
subiu para 56%. A aprovação caiu de 48% para 38%.
A avaliação sobre a educação no país também mostrou inversão. Antes,
52% aprovavam, contra desaprovação de 45%. Na pesquisa divulgada hoje,
a relação se inverteu. A aprovação caiu para 43% aprova enquanto 52%
desaprovam. "Quem está mais preocupado são os pais de famílias [57%
das pessoas com idade entre 30 e 49 anos desaprovam] e os com maior
renda [66% dos que recebem mais de dez salários mínimos] e
escolaridade [64% dos que possuem nível superior]", disse Castelo
Branco.
O economista, no entanto, credita o aumento dos índices relativos às
expectativas negativas ao fato de ter diminuído o percentual de
pessoas que não respondiam ou não se viam em condições de responder as
perguntas da pesquisa. "O aumento na avaliação negativa está mais
relacionado à diminuição do conjunto de pessoas que não haviam
declarado opinião no levantamento de março, do que à perda de
avaliações positivas".
Segundo o economista, os resultados refletem uma tendência normal de
avaliação de um governo que começou há pouco tenpo. "O eleito inicia o
ano com popularidade muito associada à vitória eleitoral. Com o tempo,
essa empolgação tende a diminuir".
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