Fonte: Blog Saúde com Dilma
A plenária final da 6a Conferência Estadual de Saúde, reunida hoje (2/9/11) em Serra Negra (SP), acaba de aprovar duas moções frontalmente contrárias à política de saúde que tem sido promovida pelo governo do Estado de São Paulo:
A primeira é em repúdio à lei 1.131/10 e demais dispositivos infra-legais, que ficou conhecida como a lei da dupla porta e tem sido duramente criticada por diversas entidades, movimentos e militantes do Sistema Único de Saúde. Pelo texto aprovado, a 6a Conferência Estadual de Saúde exige do governo do estado de São Paulo e da Assembléia Legislativa a imediata revogação da lei.
Outra moção importante foi aprovada, esta em repúdio à entrega da gestão de serviços públicos de saúde paulistas para entidades privadas, que também vai frontalmente contra a atual política de terceirização desses serviços para as chamadas Organizações Sociais (OSs).
Abaixo, os textos das moções aprovadas:
MOÇÃO DE REPÚDIO À ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO, AO GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN E AO SECRETÁRIO ESTADUAL DE SAÚDE GIOVANNI CERRI PELA ABERTURA INACEITÁVEL DA DUPLA PORTA NO SUS/SP
As delegadas e delegados da 6a Conferência Estadual de Saúde vêm manifestar seu repúdio ao governador do estado de São Paulo, pela proposição da lei estadual no. 1131/10, que estabelece um marco legal que torna possível a reserva de até 25% dos leitos dos hospitais públicos paulistas para particulares e clientes de planos e seguros privados de saúde, estabelecendo uma porta dupla de entrada que é incompatível com a Constituição Federal e com os princípios do SUS e inaceitável porque, além de tudo, dificulta ainda mais o acesso dos usuários do Sistema Único de Saúde à já insuficiente quantidade de leitos para o atendimento de suas demandas.Manifestamos também o nosso repúdio à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e a todas e todos os deputados estaduais que aprovaram a referida lei, votando contra o interesse da população paulista que os elegeu para lhe representar.
Repudiamos ainda, e novamente, o governador Geraldo Alckmin pela edição do decreto 57.108/2011, que na prática regulamenta a dupla porta e permite que os hospitais públicos paulistas funcionem como conveniados dos planos e seguradoras privados, numa relação direta entre entes privados – os planos e seguradoras e as OSs que administram os hospitais – que se beneficia dos equipamentos públicos de saúde com prejuízos incalculáveis para a população.
Repudiamos também o Secretário Estadual de Saúde Giovanni Cerri pela edição da resolução 81/2011 da Secretaria Estadual da Saúde, que já indica os primeiros hospitais públicos a terem seus leitos vendidos pelas OSs para as seguradoras e planos privados de saúde.
A 6a Conferência Estadual de Saúde, instância máxima do Controle Social do SUS no estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais previstas na lei federal no. 8142/1990, vem por fim exigir do Governo do Estado de São Paulo e da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo a imediata revogação da Lei Estadual 1.131/2010 e de todos os dispositivos infra-legais já publicados.
MOÇÃO DE REPÚDIO À POLÍTICA DE ENTREGAR A GESTÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE A ENTIDADES PRIVADAS. ABAIXO A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE!
As delegadas e delegados da 6a Conferência Estadual de Saúde do Estado de São Paulo vêm manifestar seu repúdio à política de entrega da gestão de equipamentos e serviços públicos de saúde para entidades privadas, que no Estado de São Paulo aparecem sob o modelo das Organizações Sociais (OSs).O modelo de gestão privatizada, através das Organizações Sociais, está em vigor no Estado de São Paulo há mais de uma década, ao arrepio das inúmeras resoluções de vários Conselhos e Conferências Municipais, do Conselho e da Conferência Estadual e da Conferência e do Conselho Nacional de Saúde.
Ao longo deste tempo, a experiência já tratou de demonstrar que o modelo, além de ser prejudicial aos trabalhadores da saúde e, principalmente, aos usuários do SUS, é um completo fracasso do ponto de vista administrativo. Matérias jornalísticas recentes demonstraram, sem qualquer contestação do gestor estadual do SUS, que a grande maioria das instituições gerenciadas por Organizações Sociais operam no vermelho, num prejuízo acumulado de quase 150 milhões de reais.
A 6a Conferência Estadual de Saúde exige o fim da privatização do SUS/SP e a retomada da gestão pública dos equipamentos e serviços públicos de saúde, e a garantia por parte do governo do Estado de que os mesmos terão o financiamento necessário para cumprir sua função de prestar uma assistência de qualidade à população do estado.
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