quinta-feira, 9 de junho de 2011

Reforços no sistema

Fonte: Valor Econômico

Repletas de usuários por conta do crescimento econômico do país, da expansão do mercado de trabalho formal e do aumento da renda dos brasileiros, as operadoras de planos de saúde anunciam investimentos na ampliação da capacidade física de hospitais e laboratórios e na modernização dos equipamentos médicos. A estratégia para responder a demanda por serviços médicos é a mesma na rede hospitalar privada, que obtém a maior parte de sua receita no atendimento aos beneficiários da medicina de grupo e das cooperativas médicas.
Apenas nos Estados da região Sudeste, que concentram mais de 65% dos contratos de planos de saúde e a maior rede hospitalar do país, os investimentos chegam a mais de R$ 1 bilhão. Pelo menos quatro novos empreendimentos deverão abrir mais de mil leitos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, além de um em Recife.
"Ao se olhar os grandes prestadores hospitalares se verificará que todos tiveram investimentos em números de leitos e equipamentos modernos, inclusive com novos aparelhos cirúrgicos de robótica", diz o ex-ministro da Previdência José Cechin, diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), que representa 15 grupos de operadoras privadas de planos de saúde responsáveis pelo atendimento de 20,2 milhões de beneficiários.
"Tem hospital inaugurando todos os dias, principalmente na região Sudeste", afirma Henrique Salvador, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), entidade que reúne 43 das maiores e mais importantes instituições hospitalares do país.
As maiores novidades ainda estão em obras ou na fase de elaboração de projetos. A Amil promete inaugurar até o fim do ano o Hospital das Américas, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, com investimento R$ 240 milhões. O complexo formado por cinco prédios terá 395 leitos e 285 consultórios que irão compor um mix de especialidades e serão interligadas ao hospital por intranet com transmissão de dados e imagem que permitirá fácil acesso às informações de cada paciente e ao seu prontuário eletrônico.
A Unimed, que inaugurou no fim de 2010 uma unidade hospitalar própria, com investimento de R$ 200 milhões e capacidade para atendimentos de urgência e emergências na Barra da Tijuca, no Rio, investiu outros R$ 20 milhões, só em equipamentos, para um novo hospital no Recife, em Pernambuco, com capacidade para 166 leitos e 7.000 cirurgias mensais.
O Grupo Memorial, que assumiu o controle da Assim Saúde, dona da maior rede hospitalar própria da América Latina com 35 hospitais, também já anunciou investimentos em 2011 para a aquisição e melhoria das instalações e equipamentos de três unidades de saúde no Rio.
Em Belo Horizonte, o grupo Mater Dei já iniciou as obras de um novo hospital, com mais de 3 mil metros quadrados de CTI e capacidade para 300 leitos. A obra vai custar R$ 250 milhões e deverá ficar pronta até 2014.
O grupo D'Or, que tem 17 hospitais próprios anuncia a construção de duas novas unidades: o Caxias D'Or, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e o Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, um hospital cinco estrelas que será construído com investimentos de R$ 115 milhões e capacidade para 130 leitos.
Na capital paulista pelo menos cinco redes ampliaram suas instalações ou inauguraram novas unidades. O Albert Einstein ganhou, em 2010, um novo espaço em Perdizes-Higienópolis, de 1.890 metros quadrados e novidades tecnológicas como o acelerador linear, que permite múltiplos tratamentos, além de acesso reservado para garantir a privacidade dos pacientes.
O Samaritano acaba de inaugurar as novas instalações de sua Unidade de Fisioterapia. Resultado de cerca de R$ 400 mil em investimentos, o projeto permitirá a ampliação do número de atendimentos de 240 para 1.200 por mês. O Oswaldo Cruz inaugurou, em 2010, novas instalações no Campo Belo, na Zona Sul, com 1.600 metros quadrados, capacidade para a realização de exames, consultas e pequenas cirurgias, além de dois programas que não existem na sede: reabilitações neurológica e cardiopulmonar. Para construir o espaço foram desembolsados R$ 10 milhões.
O Sírio Libanês, que investiu R$ 35 milhões em sua primeira unidade externa no Itaim Bibi, também na Zona Sul de São Paulo, com um centro cirúrgico e um centro de oncologia e capacidade para atender cerca de 9.000 pacientes por mês, tem outros projetos de expansão e até 2012 planeja gastar R$ 600 milhões na ampliação de sua sede.
"Além de leitos, tem crescido a oferta de novas áreas de oncologia, de laboratórios de diagnóstico, de serviços de imagem e de vagas nos centros de terapia intensiva (CTI)", diz Henrique Salvador, da Anahp. O Centro Check Up, inaugurado no 36º andar de um dos prédios mais altos da região central do Rio de Janeiro, é um exemplo. A obra custou R$ 1 milhão ao Centro de Medicina Nuclear da Guanabara (CMNG), um dos principais do setor de saúde do Estado, e reúne oftalmologistas, cardiologistas, urologistas, ginecologistas e pneumologistas para atender clientes como a Eletrobras e os executivos que trabalham no centro financeiro da capital fluminense.
Para captar os recursos necessários aos novos investimentos algumas operadoras de medicina de grupo e laboratórios já há alguns anos abriram capital e ingressaram na bolsa de valores. O pioneiro foi a Diagnósticos da América (Dasa), maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina, em 2004, seguido da Medial Saúde, que acabou falindo e foi absorvida pela Amil, que por sua vez lançou ações por meio da Amil Participações. Odontoprev e Tempo Participações, que atua no segmento de planos de saúde e odontológicos e na assistência especializada, também têm ações na bolsa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário